CRÔNICAS

                                                            ESSÊNCIA
                                                                                                   
O gengibre é uma das plantas mais utilizadas pela medicina por causa de suas riquezas em suas moléculas onde contém felandreno (óleo odorífero secretoras da planta)

Popularmente o famoso chá de gengibre possui uma ação desintoxicante por causa dos pedaços de rinzoma fresco fervido em água que combate a gripe.

Entre muitas utilidades medicinais está o fato de profissionais como locutores e cantores mastigar pedacinho de gengibre para aquecer e melhorar o timbre da voz.

Mas o que mais me chama a atenção dessa planta é a essência. Um pedaço de gengibre do tamanho da cabeça de um alfinete, uma vez triturado entre os dentes, transmite a sua identidade, pois perfuma o hálito. A essência é detectada pelo olfato.

Assim como gengibre, da mesma forma, toda motivação transmite a verdadeira essência da labuta do dia a dia.

Cada pessoa possui uma motivação para suas ações na vida. Diante dos obstáculos encontrados quando confrontados ou desafiados na área em que atuam transmitem a essência do seu caráter.

Todo ser humano possui uma essência. As decisões que tomamos na vida são motivadas pela volição (o ato que determina a vontade.)

Portanto não é difícil detectar o “odor” da ganância, o cheiro do poder pelo poder, nas respostas e nas atitudes que tomamos diante das situações conflitantes de confronto diante das idéias e dos planos apresentados.

Existe um inseto que apelidaram da “Maria Fedida” Bem, é um percevejo, que mais tecnicamente pode ser chamado de Hemíptera, a mesma ordem dos barbeiros. Recebe este nome e outros como fede-fede porque exalam um odor desagradável quando se sentem ameaçados. Se voce tocar nesse inseto ou feri-lo dificilmente voce suportará o mal cheiro que ele exala. Isso é essência. Bem, Maria fedida quando ameaçada como defesa apenas exala o cheiro de sua natureza para se proteger.

Jesus de Nazaré transmitiu sua verdadeira e rara Essência Humana quando na cruz pediu perdão aos seus algozes, quando morria na cruz. Há um provérbio chinês que diz “Se como o sândalo, que perfuma o machado que o fere”. Ai se estabelece o que chamo de “essência” humana rara.

Devemos procurar obter diariamente essa essência Rara. Quando confrontados, desafiados, afrontados, injuriados, perseguidos, que tipo de cheiro vai exalar de nossa vida?

A essência maior de alguém que se intitula cristão deve ser o amor

Perfumes caríssimos não o são por estarem nos pequenos frascos, mas sim porque possuem essência rara.

Qual é odor que voce transmite quando confrontado, desafiado, triturado, angustiado, desafiado?

Eis minha definição da essência humana em forma de acróstico


E mana do caráter
S ilencia a voz pelo exemplo
S egredas verdades
E mite veracidade
N ervo exposto da alma
C arrega as virtudes de Cristo
I rradia a luz da personalidade
A mago da volição

H á um cheiro
U nico
M isterioso que se chama:
A mor
N ardo puro
A roma divino

R eliga o homem a Deus
A malga a alma
R umina o sagrado
A viva a fé pelo servir

Autor: Pedro Almeida



                                                                 A RUA
                                                                                               
Uma via de acesso que marca o espaço urbano de uma cidade.

Rua tem nome... Rua tem alma, porque ela conta histórias das pessoas da cidade que homenageiam seus cidadãos ilustres e as datas históricas que marcaram eventos.

Os nomes das ruas são homenagens àqueles que de alguma forma contribuíram para o bem estar da cidade, do país.

A rua marca a história, a saga de uma família, apesar do espaço ser o mesmo em que o cenário arquitetônico transmuta-se em outras paisagens no decorrer do tempo.

Cada pessoa tem uma história familiar na rua onde moraram. Entre muitas ruas que marcaram a minha vida, rua 24 de outubro na cidade de Itararé, interior de S. Paulo, é a que mais me marcou.

Por esses dia tive a oportunidade de caminhar por ela. Foi um momento impar na minha vida. Aproveitei curtir os momentos que a oportunidade me patrocinava na minha jornada nessa vida.

Isso porque, no meu meio século de existência, fazia alguns anos que não voltava a minha cidade natal, e aproveitei para matar as saudades dos parentes próximos.

Essa rua, particularmente, me traz recordações de um tempo que não volta mais, mas que consolidou minha personalidade, pelos eventos marcantes da minha vida que ali ocorreram.

Eu lembro-me de quando chegávamos do interior do Norte do Paraná, depois de uma extensa viagem de Jeep com minha família.

Itararé, quase divisa com o Paraná no interior de S. Paulo, a minha cidade Natal, era para mim a cidade grande; o moderno ali estava. O cinema da avenida S. Pedro, a Padaria do Marcondes da rua XV de novembro.

Meu pai viajava com toda a família de Jeep por longas 10 horas pelas estradas poeirentas, que naquele tempo que não tinha asfalto nas estradas oficiais.

A alegria de rever meus avós e meus tios, e primos era tanta que mal dormia naquela primeira noite de chegada. No dia seguinte, levantava-me bem de manhã para saborear um gostoso café com manteiga. O cheiro do café torrado, do pão feito em casa invadia as dependências da casa de minha avó.

Logo após o café, eu ia para o jardim que ela cuidava com tanto carinho. O cheiro da tinta nas latas, o cal na bacia de barro, o perfume das flores, essa cena e os odores que dela provinham me situavam no lugar prazeroso de minha infância, a casa dos meus avós. Meu avô era pintor de paredes e, ao lado do jardim, ficava o depósito de latas de tinta e os pincéis que ele guardava para pintar as casas.

Sentava-me no Hall de entrada da casa e ficava contemplando o céu.

Após o café da manhã, eu ia para o Hall da entrada do casarão e, naquelas manhãs iluminadas, ficava absorto no cenário, um céu sem nuvens. Ficava ali com meus braços entre os joelhos, com as mãos sobre o queixo, contemplando os transeuntes e observando
A paisagem, enquanto aguardava meus primos para brincarmos de bicicleta, pega-pega esconde-esconde.

O ritual da vaca amarela na hora do almoço, as brincadeiras no fim da tarde, a correria na praça à noite com todos os meus primos, que eram mais de treze, faziam a festa das minhas férias, tudo acontecia ali... Na Rua 24 de outubro.

Por esses dias após muitos anos, tive a oportunidade de viajar para minha cidade natal e passei em frente da casa de minha avó. Ela não existe mais... No lugar do casarão, uma linda residência de alvenaria com portões eletrônicos, de acesso controlado. Mas, o fato de estar ali naquele local foi como se retroagisse no tempo.

Assentei-me no meio fio, onde ficava o hall de entrada do casarão. Pousei meus cotovelos nos joelhos e coloquei as mãos no queixo, minha postura preferida no dia seguinte após a minha chegada na casa de meus avôs.

Por um instante, fechei os meus olhos. Confesso que foram momentos devocionais, onde a imagem das cenas passadas me vinham a lembrança. Os meus pais e meu avôs, e a maioria dos meus tios já não se encontram mais em nosso meio. Apenas a memória daqueles tempos memoráveis, me trouxeram lindas recordações.

Nesse universo macro de múltiplas cidades e avenidas iluminadas, existem ruas belíssimas nos grandes centros, mas especificamente essa que cito não se refere à beleza estética do espaço geográfico. Mas por mais paradoxal que seja, lá está o cenário mais belo. Estou falando de um pequeno espaço de dois quarteirões de uma ruazinha de uma cidadezinha do interior de S. Paulo, onde o que menos havia era beleza do contexto geográfico.

Mais uma vez, lá estava eu na minha rua preferida, Rua 24 de outubro, assentado quase no mesmo local. Percebi que no intervalo de um paralelepípedo e outro, surgia uma flor minúscula que sobressaia-se entre as saliências das pedras. Sentado na esquina em que antes ficava situado a casa dos meus avôs, me emocionei ao contemplar as pedras de paralelepípedos quase que eternas naquele chão. Essas pedras são como couraças da rua. Novamente, estava ali na minha rua preferida.

Era como se eu recebesse uma mensagem. Estava na rua mais linda da minha história.

Estou falando da beleza dos momentos que ali passei. A rua da casa de minha avó materna me fez lembrar um tempo que desapareceu nos grandes centros. Um centro de convivência familiar onde havia sentido ser família.

É a minha história, o início da formação de minha personalidade.

A rua está lá, num espaço geográfico onde tudo aconteceu. Momentos lindos que marcaram minha infância e o início de minha adolescência.

Percebi nos pequenos espaços que separavam as pedras uma das outras, uma tenra e minúscula flor vermelha que se sobressaia entre a graminha verde, que teimosa insistia a estar ali apesar dos pneus dos velozes veículos de nosso tempo. Eu ali... Sentado, quarenta anos mais tarde... E olhando aquela florzinha, é como se a rua me dissesse “a vida continua...”. Outras pessoas construíram a sua história e outras estão construindo na mesma rua, no mesmo espaço que foi palco de uma vida de uma numerosa família.

A rua do picolé colorido, das pipas, da bolinha de gude, do triciclo. A Rua do Biju, do jornaleiro, a rua do leite e do pão fresquinho que o padeiro deixava na porta pela manhã.

É impossível não se emocionar diante de um céu iluminado, diante de um cenário onde as cenas da minha infância se desenrolaram.

Refleti nessas coisas sutis que a vida cria, e haveis de compreender então a razão por que os humildes limitam todo o seu mundo à rua onde moram, e por que certos tipos, os populares, só o são realmente em determinados quarteirões.

Sem dúvida, o dia 30 de novembro de 2008 foi um dos dias mais felizes de minha vida. Foi um presente do acaso premeditado, pois fui parar na minha rua preferida para matar as saudades.

Quantas coisas aconteceram ali. Vi os transeuntes, os moradores da rua... percebi dois garotos na calçada. A rua reiniciando a história na vida de outras pessoas.

Parafraseando aqueles versinhos,
“Se essa rua, se essa rua fosse minha,
Eu mandava, eu mandava ladrilhar
Com pedrinhas, com pedrinhas de brilhantes”
Para o meu coração alegre sempre estar.

Agradeci a Deus, pela vida dos meus avós, dos meus pais. Levantei-me e continuei minha caminhada. A vida continua... A rua continua... Na sua missão sagrada, testemunhando e capturando as almas das pessoas que por ali viverem.

Autor: Pedro Almeida
Coordenador Nacional Ministério de Casais da Igreja Quandrangular

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O PASTOR 171,A OVELHA BURRA E O BODE GANANCIOSO
                                                                            O velho pastor chamou em seu escritório o jovem rapaz que lhe auxiliava nos trabalhos. Aquele menino era o seu braço direito e ele queria passar os segredos do seu sucesso, até porque, para dar vôos mais altos e expandir o negócio, quer dizer, a igreja, ele precisaria dividir seus conhecimentos.
- Meu filho, ouve agora as minhas instruções e dá ouvidos às minhas palavras. O que vou te dizer agora e de suma importância para você vencer na vida.
O discípulo achou estranho, mas gostou da confiança que lhe estava sendo imposta.
- Existem dois tipos de pessoas: a ovelha burra e o bode ganancioso. É com este tipo de pessoas que você deverá trabalhar - sentenciou o velho para aquele jovem com olhos arregalados de surpresa.
Enquanto o jovem se ajeitou na poltrona para ouvir melhor, o pastor continuou.
- Para você conseguir sucesso, fama, e dinheiro primeiro você precisa se cercar de umas mulheres mal amadas. Estas cujos maridos são totalmente ausentes, desinteressados, beberrões e que dão mais valor aos amigos do que as esposas. Elas serão fiéis a você e não deixarão que falem mal de você.
O jovem se aconchegou ainda mais na poltrona, coçou o queixo e continuava a olhar fixamente no mestre.
- Vou te falar da ovelha burra. Este tipo de gente não lê a Bíblia e acreditará em tudo o que você falar. Use especialmente textos do Velho Testamento para arrancar o dinheiro delas. E não tenha medo. Seja ousado! Peça muito. E faça parecer que isto é um gesto de dedicação a Deus. Um gesto de fé. Na sua burrice, elas não vão questionar você.
O jovem continuava calado, meio descrente, meio surpreso, mas já vislumbrando o seu futuro.
- A estrategia para com os bodes gananciosos é diferente. Faça parecer que eles sempre irão levar vantagens. Peça dinheiro, bens, carro, casa, joias... Tudo o que eles tiverem. Mas faça parecer que eles irão ganhar o dobro se derem para Deus, quer dizer, para você. O ganancioso é a vítima mais fácil porque mesmo as vezes sendo inteligente, eles são mais facilmente enganados justamente por causa da ganância
A esta altura o garoto já sorria maliciosamente. Fora fisgado pela fala do mestre.
- Por último, desenvolva a arte de fazer as críticas parecerem perseguição. Mais cedo ou mais tarde alguém vai denunciar ou criticar você. Quando alguém cair em si e sair do seu redil, diga que não obteve o que queria por causa da falta fé. Você precisa fazer tudo parecer um gesto de fé. Assim poderá culpar os críticos de falta de fé.
- Mas pastor... - Tentou dizer algo o jovem aprendiz.
- Ainda não terminei. Viva no luxo. Tenha do bom e do melhor. Tire exemplo das novelas. Já viu pobreza e coisa feia nas novelas? Lá tudo é lindo e maravilhoso. Não tem miséria. O bode ganancioso e a ovelha burra acham que isto é que é sinal da bênção de Deus.
E assim a conversa se estendeu por um logo tempo. Trocaram ainda algumas considerações finais e o mestre despediu seu pupilo. Saindo para casa, após caminhar alguns metros um senhor se dirige ao jovem.
- Moço, um folheto da Palavra de Deus pra você.
O jovem pensou em recusar, mas visto que poderia fazer aquele velho tentar argumentar, aceitou. Continuou seu caminho e antes de jogar o folheto no chão, deu uma olhada no título:
"Mas Deus lhe disse: Louco, esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será?"

Autor: Pastor Vinícius
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A ESTAÇÃO DA MORTE

A morte é o maior mistério do universo. Todos morrem, aliás, a única certeza que possuímos nesta vida terrena é que, um dia, nos encontraremos com ela. A morte é apenas uma estação.

Um lugar de transição, onde deixaremos esse invólucro humano, essa roupagem de carne que, no decorrer da vida, vai sendo desgastada pelo tempo.

A morte para a pessoa cristificada não pode ser vista como uma inimiga. Morrer é tão natural como nascer. Um ser humano, quando está sendo gerado no útero materno no período de nove meses de gestação, vai sendo formado dia a dia. Recebe todos os nutrientes e proteínas do corpo da mãe. Em momento algum há o desconforto, pois, no período em que a gravidez se desenvolve, o ser humano está protegido de todas as agressões externas, com exceção é claro da agressividade de um aborto criminoso, que é a maior forma de violência contra a vida, pois um ser que deveria estar protegido para ter o direito de nascer é abruptamente destrocado por ferros e por mãos criminosas que não avaliam a vida da forma como deve ser avaliada. A verdade é que, quando o ser humano nasce, começa uma nova dimensão de vida onde há um processo de construção da personalidade. Os sentimentos darão a carga emocional da alma no decorrer do tempo em que vive. A morte é um elemento surpresa porque nunca sabemos quando é que ocorrerá. Para alguns, a morte vem cedo demais; para outros, ela se prolonga para acontecer dentro dos critérios cronológicos que utilizamos para contabilizar o fator tempo. Portanto, o problema não é morrer, mas sim como morrer. Ser cristificado é ter uma vida equilibrada em harmonia com os sentimentos que são depurados no coração, para que estejam preparados para o grande encontro. Não podemos deixar que sentimentos medíocres nos deixem presos a esse corpo, pois ele é apenas um veículo humano da vida que nos transporta para outra dimensão, conhecida por todos os humanos, mas que, enquanto estivermos nesse veículo humano da vida, a fé é a pista principal que nos leva ao encontro do Amor de Deus. A fé não é um sentimento, mas uma decisão da vontade.

Fé é certeza das coisas que se esperam e prova das coisas que não se vêem. Devemos absorver os ensinamentos de Cristo e crer no poder remidor do Seu Sangue que nos proporciona, mediante a Sua imensa graça, a alegria da salvação. Todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus. Mas, graças a Deus que nos dá a vitória pelo poder do sangue de Jesus Cristo que venceu a morte e, pelo poder da Sua ressurreição, nós somos mais do vencedores, pois Ele nos amou primeiro. Essa convicção da salvação nos livra do temor da morte.

A fé em Jesus nos direciona para a vida eterna. Nessa perspectiva, a morte é apenas uma sombra. Como diz Davi, o pastor profeta: “ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte não temeria mal algum”. A certeza de que o Senhor é o meu pastor dá o livramento sobre a carranca feia da morte, que passa a ser apenas uma sombra. É uma nuvem que cobre temporariamente o vale da vida, mas, quando ela passa, aí resplandece novamente o Sol da justiça, onde não há sombras permanentes.

Autor: Pedro Almeida
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                                                                         A MESA
Tenho saudades da Casa de minha avó materna nas manhãs de domingo em que a família assentava-se a mesa, para degustar a macarronada com maionese, frango e guaraná. Aqueles almoços patrocinados pelo meu Avô eram um dos momentos mais ricos de nossa família.

A mesa representava o lugar privilegiado. Meus avós faziam questão de priorizar esses encontros nos domingos com todos os filhos e netos. Era um momento único; compartilhávamos o alimento e, junto com ele, extravasávamos a alegria de encontrar com os familiares.

Havia um bem estar de forma desnuda, brincalhona e conservadora, pois tudo tinha certo limite, assim ensinava a religião dos meus avós, pois eles não perdiam a oportunidade de rezar pela família antes da refeição.

Minha mãe e meus tios herdaram dos meus avós o sentido sagrado de sentar-se a mesa com a família, onde cada um tinha o seu lugar. Assim fui criado, sempre me assentei a mesa com meus pais e irmãos para fazer as refeições. A parte do frango que meu pai gostava ninguém pegava dele.

Os alimentos eram mais que coisas materiais. Eram sacramentos do encontro e da comunhão. O alimento era apreciado e feito assunto de comentários. A maior alegria de minha avó era perceber a alegria dos que participavam do almoço.

A cultura contemporânea modificou de tal forma a lógica do tempo cotidiano em função do trabalho e da produtividade que enfraqueceu a referência simbólica da mesa.

Essa foi reservada para as festas de aniversário ou para os momentos especiais, quando os familiares e amigos se encontram. Mas, via de regra, deixou de ser o ponto de convergência permanente da família.

A mesa familiar foi substituída lamentavelmente pelo fast food ou self service em restaurantes que permitem apenas a nutrição, mas não o diálogo, a pureza da prosa caseira tão necessários entre família.

A verdade é que a vida nesses tempos alucinantes nos afastou do fogo caseiro. Afastou-nos das conversas a roda da mesa, das brincadeiras, dos rituais da família que tanto contribuem para consolidação da unidade familiar.

Que saudades da mesa da casa de minha avó! Este sentimento nostálgico chamado saudade me conecta com o meu passado quando ouço a música “Luar do sertão” ou sinto o cheiro do feijão e do frango assado. Meus sentidos me fazem recordar dos tempos de minha infância em que me sentava à mesa da casa dos meus avós.

Haverá um dia que assentaremos numa grande mesa em que seremos convidados para a grande ceia, que não será num restaurante ou num self service, mas na casa do Pai, onde Ele foi nos preparar moradas.

Mas, será que nossos filhos aprenderão à importância da unidade familiar, se a didática lhes falta, o confronto das idéias, o diálogo, a conversa entre família já não existe?

Tiraram à mesa da cozinha? Não... Ela está lá apenas como um mobiliário, mas esquecemos de sua mensagem principal. Trocamos a mesa da cozinha pela Televisão, pela internet. Penso que estamos nos distanciando cada vez mais da unidade familiar e isso nos faz seres internetizados, televisionados, onde nossas relações correm o risco de plastificar-se.

Falta sairmos da sala e assentarmos ao redor da mesa da cozinha, para que ela seja o instrumento doméstico estratégico, para nos conduzir de volta aos propósitos da família que é a comunicação entre seus membros.

A Última ceia em que Jesus assentou-se a mesa com seus discípulos, Ele partiu o pão, distribuiu o vinho entre eles e disse: “Não comeremos outra refeição até o dia em que cearemos na casa de meu Pai”.

Pense nisso e volte às origens.

Autor: Pedro Almeida
Coordenador Nacional Ministério de Casais da Igreja Quandrangular
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